Com a pandemia da covid-19, inúmeras consultas, exames e tratamentos foram adiados, principalmente nos momentos de ocupação crítica dos hospitais por conta dos pacientes do coronavírus SARS-CoV-2.
Agora, o momento é de retomada, o que faz com que este Novembro Azul ganhe ainda mais importância na luta contra o câncer de próstata.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens. Em 2020, foram diagnosticados quase 66 mil casos desse tipo de câncer no Brasil, com cerca de 16 mil mortes.
Vale explicar que a próstata é uma pequena glândula situada abaixo da bexiga, existente apenas nos homens. No organismo, a glândula é responsável pela produção da maior parte do sêmen. Quanto ao câncer, os tumores na próstata tendem a evoluir de forma lenta e assintomática.
Para ajudar a desmistificar o tabu que é falar do câncer de próstata, médico e urologista do Hospital Santa Catarina - Paulista, Reinaldo Uemoto, explicou seis e mitos ou verdades sobre a doença, que é combatida no Novembro Azul.
1. É possível ter câncer de próstata antes dos 40 anos?
VERDADE. Embora seja extremamente raro, o câncer de próstata pode afetar homens com menos de 40 anos, explica o urologista Uemoto. No entanto, esta não é a regra. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 75% dos casos anuais ocorrem a partir dos 65 anos. Além disso, os índices de mortalidade também são mais elevados entre os mais velhos. Menos de 10% dos casos incidem em pacientes abaixo dos 50 anos.
Só que consultas preventivas são recomendadas para os homens na faixa etária dos 40 anos em algumas circunstâncias, onde o risco é aumentado. Por exemplo, quando há antecedentes familiares com o câncer de próstata ou ainda para indivíduos que apresentem sintomas específicos, como dificuldade de urinar ou um aumento significativo no número de idas ao banheiro.
2. A vasectomia causa câncer de próstata?
MITO. A vasectomia — procedimento cirúrgico que interrompe a circulação dos espermatozoides e, dessa forma, impede o homem de ter filhos — já foi taxada como vilã no aumento da ocorrência de câncer de próstata, após um estudo publicado em 2010. No entanto, outras evidências científicos e estudos posteriores derrubaram essa hipótese.
Para Uemoto, homens vasectomizados devem tomar exatamente os mesmos cuidados que os homens que não realizaram o procedimento. Dessa forma, a prevenção inclui manter um estilo de vida saudável, evitando a obesidade e o tabagismo. Além disso, é importante realizar exames e consultas médicas de rotina. Vale lembrar que o exame de toque retal é recomendado, geralmente, para pacientes acima dos 50 anos.
3. A atividade sexual aumenta o risco de câncer de próstata?
MITO. Em estudos preliminares, foi observado que homens que ejaculam com mais frequência apresentam um risco menor de desenvolver câncer de próstata, o que chega a ser o oposto do senso comum. Os motivos que explicam essa relação ainda não foram descobertos pela ciência, mas a liberação da ocitocina — também conhecida como o hormônio do prazer — pode ser uma das explicações.
Por outro lado, comportamentos sexuais de risco, como relações sexuais sem o uso de preservativos, tornam o homem mais vulnerável para as doenças sexualmente transmissíveis (DST). Estas podem causar inúmeras complicações ao longo da vida do indivíduo, inclusive aumentar os riscos de alguns tipos de câncer.
4. O câncer de próstata causa diminuição da virilidade?
MITO. Na verdade, o câncer de próstata não causa a diminuição da potência sexual ou a esterilidade em ninguém, mas os tratamentos para a cura ou o controle da doença podem causar essas complicações. Dependendo do caso, hormonioterapia, quimioterapia, radioterapia e alguns procedimentos cirúrgicos podem levar à disfunção erétil ou à infertilidade, afirma o urologista.
No entanto, esses tratamentos são comuns a diversos tumores e são necessários para a recuperação do paciente. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após a discussão dos riscos e dos benefícios entre o médico e o paciente.
5. O aumento da próstata é um sinal de câncer?
MITO. Depois dos 45 anos, mais de 90% dos homens apresentam algum grau de aumento da próstata. Esta condição é conhecida como hiperplasia prostática benigna. Por outro lado, esse crescimento pode causar dificuldades para urinar — como uma redução de fluxo do jato urinário — ou urgência miccional — como acordar no meio da noite para urinar. É possível que haja confusão nos sintomas.
Só que o médico explica que o aumento da próstata, no entanto, não tem nenhuma relação com o câncer de próstata. Isso porque este tipo de câncer tem evolução silenciosa na fase inicial. É na fase avançada que os sintomas aparecem de forma mais evidente e podem incluir cansaço generalizado e dores ósseas.
6. A retirada da próstata deixa o homem impotente?
EM PARTE. Segundo o urologista Uemoto, não é toda retirada da próstata que pode levar a impotência. De forma geral, existem dois tipos de doença prostática que podem evoluir para um tratamento cirúrgico:
Hiperplasia prostática benigna (HPB): esta pode necessitar de cirurgia, se o tratamento clínico não for bem-sucedido. Nesse caso, a cirurgia remove apenas o núcleo da próstata que está levando a obstrução da uretra, e essa operação não acarreta em problemas de ereção;
Câncer de próstata: em caso de diagnóstico de câncer, a remoção total da glândula pode ser indicada. Por sua vez, isso pode levar à diminuição da ereção em até 25% dos casos. Nos últimos anos, esse inconveniente foi minimizado com a introdução da cirurgia robótica, que possibilita uma melhor preservação do feixe neurovascular da próstata.
Com todas essas questões envolvendo a saúde masculina, é importante que o tema do câncer de próstata não seja um tabu, nem que impeça os homens de buscarem a ajuda adequada por medo. Independente de qualquer suspeita de câncer, o médico ressalta que o acompanhamento de um urologista é recomendado para todas as idades e pode trazer inúmeros benefícios para o paciente.
Fonte: https://bit.ly/2YbNmWO